domingo, 22 de novembro de 2009

Belo Monte

Muitos ainda lembram da forte cena em que a índia Kaiapó Tuíra passa seu facão no rosto do engenheiro da Eletronorte, um ato de advertência contra a construção da hidrelétrica de Kararaô, atualmente conhecida como Belo Monte. Mas qual o motivo do episódio?
Nas décadas anteriores, mais precisamente em 70 e 80, a Amazônia recebeu dois grandes projetos de infra-estrutura, as hidrelétricas de Tucuruí (PA) e Balbina (AM). Porém, as gigantescas obras trouxeram uma série de problemas para as populações locais e para o meio ambiente.
Tucuruí e Balbina desalojaram comunidades inteiras, inundaram áreas maiores do que haviam sido planejadas e destruíram a fauna e flora daquelas regiões. O lago de Balbina, a 146 quilômetros de Manaus, proporcionou a inundação da reserva indígena Waimiri-Atroari, mortandade de peixes, escassez de alimentos e fome para as populações locais. A contrapartida, que era o abastecimento de energia elétrica da população local, não foi cumprida. Em 1989, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), analisou a situação do Rio Uatumã, onde a hidrelétrica fora construída, concluiu por sua morte biológica. Em Tucuruí não foi muito diferente. Quase dez mil famílias ficaram sem suas terras, entre indígenas e ribeirinhos que até hoje não tiveram suas situações regularizadas pela Eletronorte. Diante desse quadro, em relação à Belo Monte, é preciso questionar a relação custo-benefício da obra, o destino da energia, os subsídios fornecidos aos grandes projetos e como viverão os povos da floresta?
Foto: Paulo Jares

3 comentários:

Anônimo disse...

É BOM SEMPRE LEMBRAR DESSAS IDÉIAS DE DESENVOLVIMENTO MAL PLANEJADOS, QUE AGRIDEM A NATUREZA E DE TABELA O SER HUMANO QUE VIVE AO REDOR. CAUSANDO DESCONFORTO A UMA GENTE JÁ SOFRIDA QUE NÃO TEM COM QUEM RECLAMAR, SÓ ABSORVENDO OS MAL TRATOS QUE LHES IMPÕEM. MARCOS.

Anônimo disse...

A questão polemica acerca da construção da usina belo monte, vai além de interesses econômicos no que se refere a energia elétrica .È preciso atentar para o fato do Brasil, que defende a diminuição de gases poluentes (aliás condena os EUA por não assinar o acordo que reduz a emissão de gás)entretanto,com a construção da hidrelétrica os impactos ambientais são incalculavéis,uma vez que as consequencias são imediatas e longo prazo para o meio ambiente, e consequentemente a todos.Portanto,a quem interessa tal construção e quais interesses? é preciso que o Brasil reveja seus conceitos em relação a tão castigada amazônia. jorge

Mauro Torres disse...

Meus caros Marcos e Jorge,
Em 1991, Jean Hébette organizou um livro denominado de "o cerco está se fechando", nele vários artigos mostram os impactos do grande capital na Amazônia. Hoje podemos dizer que o cerco já se fechou e que os ataques têm como alvo o "coração" da região.