terça-feira, 16 de junho de 2009

A agricultura familiar combate a fome?

A expansão da fronteira agrícola para a Amazônia e, principalmente para o estado do Pará, nos traz grande preocupação. O solo do nosso estado é originalmente pobre, a exuberante floresta é sustentada pela matéria orgânica que ela mesma produz. A implementação da chamada “revolução verde”, no nosso estado, modelo de produção agrícola difundido pela pesquisa e extensão convencionais, intensivo em capital, baseado na produção em grandes propriedades de monocultivos para exportação, a partir da utilização intensiva de insumos industriais, como adubos químicos, venenos e sementes de alta produtividade. No mundo, tal modelo não tem conseguido dar resposta a questão do acesso aos alimentos. Ao contrário, onde o modelo se implantou, o que ocorreu foi aumento da concentração da renda e dos meios de produção, com reflexos significativos na ampliação da insegurança alimentar e nutricional da população pobre. Há inúmeros exemplos de impactos econômicos, sociais e ambientais negativos, substituição das florestas por monocultivos, erosão de solos e assoreamento de rios e lagos, contaminação de águas e alimentos com agroquímicos, empobrecimento dos pequenos produtores e das comunidades que vivem da agricultura familiar.
A revolução realmente necessária no mundo atual é aquela que amplie a produção sustentável e diversificada de alimentos, ao mesmo tempo que facilite o acesso a esses alimentos pela população pobre.
A agricultura continua sendo fundamental para o crescimento da economia mesmo em países majoritariamente urbanizados e a agricultura familiar responde por uma parte importante desta contribuição.
Os números da agricultura familiar são impressionantes: dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário apontam que no Brasil existem 4.139.369 estabelecimentos rurais familiares, ocupando uma área de 107,8 milhões de hectares. A agricultura familiar é responsável pela produção de mais de 70% dos alimentos consumidos internamente no Brasil, incluindo o auto consumo das famílias camponesas. Os agricultores familiares produzem 24% do VPB da pecuária de corte, 54% da pecuária de leite, 58% dos suínos, 40% das aves e ovos, 33% do algodão, 72% da cebola, 67% do feijão, 97% do fumo, 84% da mandioca, 49% do milho, 32% da soja, 46% do trigo, 58% da banana e 25% do café.
Com o devido incentivo de crédito, acesso a terras, à tecnologia, aos demais meios de produção e aos mercados, a agricultura familiar pode promover um conjunto de serviços que vão além da produção de alimentos. Sua característica de distribuição de renda e geração de empregos possibilita que milhões de pessoas tenham condições de acessar os alimentos. A agricultura familiar pode ainda contribuir com os processos de conservação de solos e águas, manejo sustentável da biodiversidade, produção de biomassa, cujo valor para as gerações presentes e futuras é incalculável.
Adaptado de http://www.actionaid.org.br/Portals/0/Docs/artigo_crise_alimentos.PDF

1 comentários:

Léa Paraense Serra disse...

Vou fazer referência bibliográfica dessa postagem na minha atividade final do Curso Direito à Memória e à Verdade - on line - uma parceria MEC /SEDH-PR, onde elaborei um plano de aula sobre o Direito à Alimentação, dentro dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Obrigada, prof. Mauro! Créditos realizados.